Autor(a): PAULO WERNECK Fiscal aduaneiro, escritor, professor |
Desde pequeno,
conheço uma simpática casa de bebidas importadas no centro do Rio de Janeiro.
Minha mãe lá comprava, muito raramente é verdade, uma garrafa de Porto.
A vida passou, eu
cresci, tornei-me cliente, trabalhei nisso e naquilo, acabei no comércio
exterior e, então, essa simples loja de bebidas importadas tornou-se uma
curiosidade para mim. Sem a ingenuidade de criança, passei a elucubrar como essa
casa pode ter sobrevivido a duas guerras, e, talvez pior, não sei a quantos
planos econômicos, sem que eu tenha sabido de algum dia ela ter reduzido as
ofertas nas prateleiras.
Como, consulto meus
botões, uma simples loja de importados poderia sobreviver durante tanto tempo a
tantos desafios?
Pensei numa
hipótese: a lealdade que gera a confiança. Parcerias comerciais longas, sempre
honradas, garantindo a credibilidade e propiciando a boa vontade necessárias
para que uma operação pudesse ser feita mesmo quando os recursos estivessem
congelados num plano colorido qualquer, boa vontade, essa também retribuída aos
exportadores, quando o problema lá ocorresse.
Procurei, então,
falar com o simpático responsável pela casa. Fui recebido gentilmente, ele
fumando um bom charuto, de bem com a vida.
Primeiro,
esclareceu que, atualmente, a casa não mais opera diretamente com os
exportadores, uma vez que hoje existe um sem-número de importadores, e fica mais
econômico terceirizar que operar diretamente.
Minha questão, no
entanto, era sobre o segredo da longevidade da casa, mas a resposta não foi a
que eu esperava: persistência. O segredo estaria na persistência, no não
esmorecimento diante das dificuldades.
E quanto à
lealdade, ao desenvolvimento da confiança mútua, perguntei.
É condição básica,
respondeu. Não disse, mas pelo tom da voz me pareceu significar como o ar que
respiramos.
Foi uma entrevista
curta, mas plena de significado. A sustentabilidade de um negócio funda-se na
ética, na qualidade, no respeito, em valores que são prezados desde todo o
sempre. Mas, além de tudo, há que perseverar, não desistir perante os percalços.
Insistir.
Reclamações
existem. É o custo Brasil, o câmbio valorizado ou desvalorizado, as exigências
burocráticas. Problemas sempre existiram. Que podemos reclamar hoje,
comparativamente aos percalços colocados por uma guerra mundial? A Lidador, a
loja em questão, sobreviveu a duas! Mudanças de moedas, planos econômicos,
ditaduras. Mas continua trabalhando, como se nada disso tivesse algo a ver com
ela.
O segredo?
Persistência.
No Comércio Exterior, Persistência é a palavra-chave. Empresas iniciantes na exportação não devem se deixar abater por esses altos e baixos que o comércio internacional apresenta e sempre apresentou.
ResponderExcluirThamiris Fagundes Coutinho - B716541
Comex 2º semestre - CX2P07