O desempenho do
frigorífico Minerva não está sendo afetado pelo embargo feito por seis países às
exportações de carne bovina do Brasil. Foi isso que afirmou o presidente da
empresa, Fernando Galletti de Queiroz, nesta quinta-feira (20), em reunião da
Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais
(Apimec), em São Paulo. O Ministério da Agricultura divulgou no começo do mês a
notícia de que um animal com o agente causador do mal da vaca louca morreu, em
2010, no estado do Paraná. O bovino, no entanto, não chegou a desenvolver a
doença e não morreu por causa dela.
Desde que isso
aconteceu, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, África do Sul, China e Arábia Saudita
suspenderam totalmente as importações de carne bovina do Brasil. Esses mercados,
no entanto, representam apenas 4,3% das exportações de carne in natura do
Minerva e 4,7% do País. O Egito também parou de importar carne, mas apenas do
estado do Paraná, onde o Minerva não tem operações. No caso da carne
industrializada, o impacto para o Brasil é de 1,2% e para o frigorífico é zero.
"No total das nossas exportações é inferior a 4%", disse ele.
De acordo com
Galletti, os embargos não afetam as operações da empresa já que essas vendas
estão sendo direcionado para outros países e um pouco para o mercado interno. O
presidente do Minerva falou do componente político e do jogo por trás dos
embargos. "A Arábia Saudita, ao mesmo tempo em que fechou para a importação para
a carne in natura, abriu para boi vivo. É um completo 'nonsense' da
história. A leitura é outra: para carne in natura tem algum concorrente a
mais, o impacto não é tão grande, a gente vai negociar com o Brasil. Para boi
vivo não tem outro fornecedor, a gente vai ter que continuar importando", disse
o presidente da empresa.
O gerente de
pesquisa do Minerva, Fabiano Tito Rosa, também minimizou os efeitos do problema
sobre o mercado brasileiro. "Os embargos são pequenos, são mercados marginais.
Dos seis que nós temos hoje, três não compram nada: Coreia do Sul, Taiwan e
Japão. Não compram carne do Brasil, compram um pouquinho de carne
industrializada. Taiwan é [compra] zero industrializada e in natura.
'Embarguei', então, aquilo que eu já não faço. África do Sul compra muito pouco
também. China e Arábia saudita são mercados um pouco mais importantes, mas se a
gente considerar esses seis mercados, a gente está falando aí de 4% a 5% das
exportações brasileiras, nós temos outras alternativas, isso não conta nada",
disse.
Os executivos do
Minerva defenderam que, no cenário mundial, a América do Sul é a única
alternativa para aumento do fornecimento de carne bovina. "Mesmo que você tenha,
como tivemos esse evento sanitário, isso não muda a estrutura que existe neste
mercado. O SAD (cadeia de fornecimento) de carne é 'short' (curto). Você tem um
crescimento de demanda dos países em desenvolvimento, uma redução na produção
dos países desenvolvidos e esse 'gap' (lacuna) vai ser suprido, só pode ser
suprido competitivamente na carne bovina pela América do Sul", disse
Galletti.
Segundo ele, não há
possibilidade de aumento de produção na Austrália, já há redução na Europa e
Estados Unidos. Os Estados Unidos dependem muito dos grãos para alimentar seu
gado e os preços dos grãos entraram em uma fase de alta. "O patamar do preço dos
grãos mudou e não volta mais", afirma Tito Rosa. E os Estados Unidos devem
continuar enfrentando seca no próximo ano, enquanto que o Brasil tem uma
previsão de clima favorável. Se optarem por colocar os bois no pasto, não terão,
segundo o executivo, as possibilidades de recursos naturais que o Brasil tem
para isso. Por isso, apesar dos embargos, o Minerva segue com olhar positivo
sobre o mercado.
Fonte: Agência Anb
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