Há dois anos, a
mexicana Imbera investiu US$ 13 milhões para instalar uma fábrica em Itu, no
interior de São Paulo. Com mais duas unidades, uma no México e uma na Colômbia,
a empresa do grupo Femsa já se tornou a segunda maior fabricante de geladeiras
comerciais do mundo, atrás apenas da grega Frigoglass, e agora afia suas garras
também para brigar no mercado brasileiro enfrentando a gigante Metalfrio.
Principal
fornecedora de refrigeradores comerciais da Coca-Cola, a Imbera exporta para
mais de 36 países e pretende utilizar no Brasil uma de suas armas mais
poderosas: uma máquina que consegue baixar a temperatura dos refrigerantes a
seis graus centígrados negativos sem congelar a bebida.
O gerente-geral da
Imbera, Hernán Mendoza, acredita que, num país com temperaturas altas como o
Brasil, este será um trunfo importante e chegará ao mercado antes de dezembro,
ou seja, antes do verão. "A Ice Shock está sendo aprovada e deve chegar ao
mercado ainda este ano", diz.
Segundo ele, a nova
máquina é apenas um dos artifícios para que a empresa conquiste uma boa parte do
mercado brasileiro de geladeiras comerciais, estimado em 350 mil máquinas por
ano. "Queremos vender 200 mil máquinas no País e ser o maior competidor, e para
isso vamos oferecer produtos diferenciados como esta máquina e outras com
controle total de consumo", explica o executivo.
Atualmente, a
Imbera vende anualmente cerca de 30 mil máquinas no Brasil. Mas a capacidade da
fábrica em Itu pode chegar a 240 mil máquinas ao ano. Volume bem superior ao da
fábrica na Colômbia, onde são produzidas 60 mil unidades com capacidade para 72
mil. A unidade brasileira se aproxima do volume da sede da empresa, no México,
que hoje produz 200 mil máquinas, podendo atingir até 330 mil.
Com faturamento de
US$ 380 milhões, a empresa, para se consolidar no mercado latino-americano,
aposta na inovação, com maior eficiência energética dos equipamentos (suas
geladeiras chegam a ser 20% mais econômicas do que aquelas fabricadas há 10
anos), e no design arrojado.
Hoje a Colômbia
responde por 18% das vendas. "No Brasil, a operação ainda é nova, não chega a
8%, mas as perspectivas de incremento são muito grandes e se chegarmos a 40 mil
unidades neste ano bateremos a marca de 10% das vendas totais", acrescenta
Mendoza.
Investimentos
mexicanos
O Brasil é hoje
apenas o sétimo maior parceiro comercial do México no mundo, bem atrás dos
líderes EUA e China, que respondem por 64% e 8%, respectivamente. No entanto, já
se tornou um dos principais destinos do capital mexicano na América Latina,
movimentando um total de US$ 26 bilhões. Não é à toa que há duas semanas, o
próprio presidente eleito do México, Enrique Peña Nieto, veio encontrar-se com
lideranças da indústria na Fiesp e com a presidente Dilma Rousseff a fim de
reverter as limitações comerciais adotadas no início do ano.
A abertura de
negociações com o México, que registrou uma corrente de comércio exterior de US$
700,4 bilhões em 2011, abre as portas de um imenso mercado. Em 2009, o PIB
mexicano sofreu forte contração (-6,3%) em decorrência da crise financeira
internacional de 2008. No ano seguinte, houve uma surpreendente recuperação e a
economia cresceu 5,5%. Em 2011, no entanto, o país voltou a desacelerar. Mas,
mesmo assim, fechou o ano com uma expansão do PIB de 4%.
Hoje considera-se
que o México passa por um momento econômico favorável. Sua expansão é puxada
principalmente pelo setor industrial, o qual cresceu a um ritmo razoavelmente
constante, de cerca de 5% nos últimos três meses.
A melhora nesse
segmento é justificada por analistas como resultado direto do ganho de
competitividade da indústria em relação aos rivais asiáticos, o que pode mostrar
aos brasileiros o caminho para atingir a mesma meta.
A eleição de Nieto,
segundo os analistas, torna o país mais atrativo aos olhos dos investidores, uma
vez que o novo presidente comprometeu-se com reformas nos setores energético,
tributário e trabalhista.
Por outro lado,
embora o México possua um ambiente maduro para negócios, os problemas com
segurança pública se traduzem em uma efetiva elevação dos custos, dificultando o
ambiente de negócios e trazendo incertezas para a economia como um todo.
A inflação mexicana
tem-se mostrado sob controle: os índices oficiais apontam que foi de 3,8% em
2011, uma redução ante os 4,4% registrados em 2010. A taxa de desemprego, por
sua vez, encerrou o ano em 8,2%.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
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