PROFUNDIDADE DO CANAL DE NAVEGAÇÃO
É CRITICADA PELA PRATICAGEM
A incompatibilidade
de profundidade entre a calha do canal de navegação (parte central), os berços
de atracação e seus acessos e bacias de evolução é a principal crítica feita
pela Praticagem em relação às condições de navegação do Porto de Santos,
esclareceu o comandante Viriato do Nascimento Geraldes, gerente do órgão.
Segundo ele, nenhuma área de atracação (que fica rente ao cais) tem a mesma
profundidade da calha. A diferença faz com que alguns cargueiros "toquem o
fundo" do estuário durante manobras.
"A profundidade dos
berços de atracação, mantidas pela Codesp, não tem valor correspondente à do
canal. Acho que deveria ser feita uma batimetria constante para sabermos qual a
profundidade de cada berço. Não adianta ter o canal (calha) dragado com um valor
e atracar com outro", disse o gerente, sem apontar áreas específicas.
"Descobrimos no dia a dia".
A Praticagem chamou
a atenção para as condições do canal na última terça-feira, durante o
encerramento da 10ª edição do Santos Export - Fórum Internacional para Expansão
do Porto de Santos. O alerta partiu do presidente da Praticagem, Fábio Mello
Fontes. Ele disse que, mesmo após a dragagem de aprofundamento realizada pela
Secretaria de Portos, a calha do canal ainda contava com trechos com
profundidade inferior a 15 metros e que, "toda semana, encalha um navio de
contêiner com 11,5 metros no Porto de Santos".
Em novo contato com
A Tribuna, na última quinta-feira, Fontes criticou especificamente os trechos do
estuário e os serviços de responsabilidade da Docas (que faz a dragagem nos
berços, nos acessos a essas áreas e nas bacias de evolução).
Em relação à calha
do canal, cuja dragagem de aprofundamento foi feita pela Secretaria de Portos,
Fontes mencionou que a profundidade não consegue ser mantida por falta de
equipamento suficiente para realizar o trabalho com mais agilidade. "Os
equipamentos (dragas) demoram muito para voltar aos outros lugares. Precisamos
de um número de dragas maior".
Diante do
desequilíbrio entre as profundidades de todo o complexo, o presidente da
Praticagem acredita que o programa de dragagem "foi incompleto". Isso porque,
quando o serviço de aprofundamento foi anunciado pelo Governo Federal, a
promessa foi de que ele seria feito apenas na calha.
Já as demais áreas
(berços e acessos) demandariam projetos separados, que estão sendo tocados pela
Codesp. "Precisamos de profundidade até encostar no cais. Hoje nenhum navio pode
entrar com 15 metros. É necessário um novo programa que contemple a área que não
foi dragada", disse.
Codesp
Em resposta, a
Codesp enfatizou que a calha do canal de navegação está com a profundidade de 15
metros que foi prometida e com largura de 220 metros. Apenas no trecho onde está
o navio naufragado Ais Giorgis (próximo da margem de Guarujá, na direção dos
armazéns 15 e 16) e as pedras de Teffé e Itapema (nas proximidades do Terminal
de Passageiros e do Farol de Itapema, respectivamente) essa largura ainda não
pode ser atingida.
Em relação aos
berços de atracação, foi esclarecido que o Terminal de Exportação de Veículos
(TEV), na Margem Esquerda, está com profundidade de 9,9 metros. Já no Tecon 1
,2, 3 e 4, também em Guarujá, há 13,1metros; 12,4 metros; 13 metros e 13,3
metros, respectivamente.
Segundo a estatal,
até agora, a Praticagem enviou comunicado reclamando somente das dificuldades
para desatracação no TEV. Em resposta, a Docas está realizando batimetria para
verificação das reais profundidades nos berços e seus acessos.
A Codesp reiterou
que os procedimentos licitatórios para o reforço do cais estão em andamento.
Essas obras são necessárias para aprofundar berços, seus acessos e bacias de
evolução. Sem elas, há o risco de a estrutura do costado desabar.
Fonte: A Tribuna
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