
O CEO da Câmara de
Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, afirma que o movimento reflete a
preocupação dos governos locais de garantir o abastecimento de alimentos e não
gerar mais um motivo para protestos sociais, como, por exemplo, a pressão nos
preços dos produtos. De fato, o aumento das importações destas nações foi
impulsionado principalmente por compras de alimentos como carne, milho e trigo,
no caso do Egito, carne e trigo pela Líbia, além de carne e açúcar pelo Iêmen. A
Tunísia ainda enfrenta dificuldades para recompor sua estrutura logística,
segundo fontes ouvidas pela ANBA, o que pode estar dificultando a retomada.
O economista da
Tendências Consultoria Econômica, Bruno Lavieri, acredita que nesse crescimento
de vendas do Brasil há também reflexos da crise europeia, que faz o País
procurar mais espaço em outros mercados. "Também estes países que tiveram
reformulações de governos podem ter procurado novas parcerias", afirma Lavieri.
Ele lembra, no entanto, que como o volume enviado para a região não é muito
alto, a entrada de qualquer nova exportação já se reflete em um grande aumento,
já que a base de comparação é baixa.
Líbia e Iêmen, de
fato, fazem importações menores de US$ 300 milhões do Brasil. A Líbia importou
US$ 194 milhões do Brasil entre janeiro e julho e o Iêmen US$ 260 milhões. A
Tunísia, para onde houve queda, gastou US$ 195 milhões com produtos brasileiros.
Já o Egito é um importante parceiro comercial do Brasil e adquiriu US$ 1,2
bilhão no acumulado do ano até julho, 15% da receita com exportação para os
árabes e cerca de 1% das vendas externas do País. "O Egito é um mercado muito
importante. Historicamente o Brasil tem US$ 1 bilhão de superávit com o Egito",
diz Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultores Associados.
Barral,
ex-secretário de Comércio Exterior do Mdic, acredita que esteja havendo também
uma retomada das compras, depois de passada a Primavera Árabe. Ele afirma que as
exportações para o Egito, inclusive, devem avançar bastante ainda em função da
assinatura do acordo de livre comércio do país árabe com o Mercosul, há dois
anos. O consultor também crê num crescimento de vendas para a Líbia e afirma que
a presença de construtoras brasileiras no país vem se refletindo em maior
importação de bens, como equipamentos.
Barral ressalta
ainda a presença de um novo embaixador do Brasil em Tripoli, Afonso Carbonar,
que deve impulsionar as exportações para a Líbia. "Ele é extremamente ativo",
afirmou o sócio da Barral M Jorge Consultores Associados. Barral se diz um
entusiasta dos mercados árabes, em função das suas populações jovens, seu
crescimento. "O Golfo importa muitos alimentos", afirma ele. De janeiro a julho,
o Brasil exportou US$ 7,8 bilhões para o mundo árabe.
Fonte: Agência Anba
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