terça-feira, 11 de novembro de 2014

Perdendo bilhões por não investir milhões


dinheiroA saúde financeira do Brasil inspira cuidados. E não é de hoje. As “Eras de Getúlio e Juscelino” ainda são lembradas como sinônimos de avanço de um país que, naquele tempo, deixava, tardiamente, os efeitos de uma colonização; embora ainda tenhamos muitos “vícios” desse período presentes na nossa nação. Depois do período “JK” (Juscelino Kubitschek), em 1961, o Brasil ainda respirava ares de desenvolvimento, quando em 1964 fomos apresentados à Ditadura Militar que se estenderia até 1985.
De lá para cá, o Brasil só “dançou conforme a música” e nos abrimos à globalização como meio de sobrevivência. Nossos governantes – e aqui fica o registro de que a crítica não é partidária, pois os da direita e os da esquerda governam com uma semelhança absurda – até se destacaram em um ou outro segmento, mas sem grandes avanços, num ritmo ditado pela economia global.
Nossa infraestrutura atual não esconde nossas deficiências ao escoar nossos produtos. É lamentável, e chega a ser revoltante, a falta de atenção com que o país trata a logística. O Brasil vem se especializando em arrecadar impostos e esquecendo que tem o dever de oferecer meios para que a produção sobreviva, mesmo que para pagar mais impostos [...] Produtores de alguns estados estão pavimentando vias para diminuir o preço do frete. Ou seja, fazendo o papel de investidores, produtores e o do próprio governo.
Especialistas alertam: nós nos beneficiamos com as crises na Europa e Estados Unidos, mas agora que há a recuperação dessas economias, estamos perdendo investidores por causa de uma infraestrutura deficiente. transportes precários, investimentos ínfimos em infraestrutura estão trazendo de volta um Brasil sem grandes conquistas, sem aquavias, sem ferrovias… Se você acha que é exagero, basta lembrarmos que não estamos investindo em novos projetos como deveríamos nem estamos investindo suficientemente em manutenção para a conservação do que temos. Qual o resultado disso?
Se compararmos o ranking das maiores economias mundiais em 2012 com 2014, poderemos observar que, mesmo o Banco Mundial acrescentando à metodologia do estudo “a paridade do poder de compra”, houve uma ascensão de países com mais investimentos em infraestrutura. O Brasil, que ocupou o 5º lugar após passar o Reino Unido e a França, hoje é a 7ª economia do mundo depois de sermos ultrapassados por Índia e Rússia que ocupavam as últimas posições entre as 10 mais. Como se não bastasse, é provável devolvermos as posições para França e Reino Unido que estão logo abaixo do Brasil e aquecendo a economia. Já para o Fundo Monetário Internacional (FMI), que tem índices mais diretos para o cálculo, o Brasil também ocupa a 7ª posição geral, mas entre os 22 países emergentes ocupamos a 13ª posição, perdendo para países como Tailândia, Filipinas e Vietnã.

Em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) chegou a R$ 4,8 trilhões (só com impostos, o Brasil arrecadou R$ 1,1 trilhão) e os investimentos em infraestrutura estão na casa dos 2% quando deveria ser de, no mínimo, 4% do PIB para um nível razoável de modernização logística. Para isso, o país necessita investir R$ 2,5 trilhões nos próximos 25 anos. Isso representaria cerca de R$ 100 bi a mais por ano. Mas, como já informado, o orçamento para rodovias 2013, por exemplo, não foi utilizado nem a metade devido entraves por denúncias de corrupção. Vale lembrar que era um ano crucial para investimentos devido a Copa.
O pacote anunciado de R$ 133 bi corresponde a apenas 6% do necessário. E, se tratando de qualidade de investimento, esses números são aterrorizantes. A baixa qualidade das obras com baixa tecnologia empregada e altos custos, não são feitas para durar em outros mandatos políticos. No Brasil, “se quebra para colocar a torneira, depois para colocar o cano”.

E vamos perdendo recursos diante dos olhos ávidos do Estado e sua falta de planejamento, produzindo menos e não ofertando uma qualidade de vida melhor para nós brasileiros que levamos o país no peito e nas costas.Para comparar gastos, a política brasileira consome mais de R$ 20 bi/ano (fora ajudas partidárias, campanhas etc.); o Bolsa Família quase R$ 21 bi/ano – e nada contra o programa desde que seja temporário, pois um programa social obtém sucesso quando há a SAÍDA de inscritos e não constantes aumentos – e os investimentos em infraestrutura não chegam aos R$ 13 bi. “É o Brasil matando a abelha e esperando que gafanhoto produza mel”.

Escrito Por :  Foi Coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho

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