segunda-feira, 7 de abril de 2014

CÂMBIO CHINÊS VAI FAVORECER OS EXPORTADORES BRASILEIROS


A valorização cambial na China tornou o produto brasileiro mais competitivo naquele país. É o que afirma o Frederico Turolla, especialista em análise econômica dos investimentos diretos internacionais em infraestrutura da ESPM e da Sobeet.
"Entre o começo de 2000 e a última quinta-feira, a taxa de câmbio nominal BRL/RMB subiu 68%, o que significa que os produtos brasileiros ficaram 40% mais baratos na China [sem contar o efeito da inflação]. E no Brasil acontece o efeito contrário, os produtos chineses ficam mais caros", aponta Turolla a partir de levantamento feito pela consultoria Pezco Microanalysis, da qual faz parte, com dados do Banco Central (BC).
"Ou seja, em 2000, um produto brasileiro que valia R$ 100, pela conversão, na China valia oito iuanes. Com a valorização cambial naquele país, em 2014, o mesmo produto com o mesmo valor passa a valer cinco iuanes", exemplificou o especialista ao DCI.
"Não é impossível prever que em 2020 exportaremos mais manufaturados para China, porque a tendência é essa, valorização do câmbio chinês", acrescentou, ao participar do seminário Competitividade das Empresas Brasileiras, realizado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Para ele, o chamado "efeito China", gerou essa colaboração para a economia brasileira, mas o ambiente macroeconômico conduzido no governo atual, de Dilma Rousseff, fez com que o Produto Interno Bruto (PIB) reduzisse o ritmo de crescimento nos últimos anos, o que afetou a competitividade das empresas nacionais. "O governo precisa estimular a competição para ter produtividade. Parece uma ideia simples, mas uma questão básica."
Na opinião do especialista, além da situação econômica, ele aponta que a existência de diversos cartéis, sem uma fiscalização eficiente - mas que está aumentando, segundo Turolla -, tanto de bens finais quando de outras cadeias produtivas, prejudicou todas as empresas, independentemente do porte.
"No caso dos cartéis de bens finais, o efeito é nas famílias, ao diminuir sua renda", entende.
De acordo com o Ministério da Justiça, cartel é um acordo explícito ou implícito entre concorrentes para, principalmente, fixação de preços ou cotas de produção, divisão de clientes e de mercados de atuação. O objetivo é, por meio da ação coordenada entre concorrentes, eliminar a concorrência, com o consequente aumento de preços e redução de bem-estar para o consumidor.
Turolla critica ainda o fato de que, mesmo com fiscalização, "os direitos das empresas prejudicadas" no País, dificilmente, "são recuperadas", contudo, evitou dar exemplos.
Com relação à infraestrutura, uma das maiores exigências dos empresários para aumentar a competitividade, o especialista dá área disse que houve uma evolução, com maior regulação em setores como de logística, realização de concessões e mais parcerias públicos privadas. "Mas precisa ser estendido", sugere Turolla.
"O Brasil criou condições para infraestrutura, mas continuamos presos à chamada nova matriz econômica", apontou, ao se referir ao cenário vislumbrado pelo chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Samuel Pessoa, que também esteve presente no seminário.
Nova matriz
Para Samuel Pessoa, a desaceleração do PIB brasileiro no governo de Dilma Rousseff foi provocada pela mudança de política econômica, que ele chama de "nova matriz econômica", com a entrada de Guido Mantega na chefia do Ministério da Fazenda, ainda no mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. "Se não cometêssemos os erros com essa nova política, mesmo com a crise internacional, poderíamos crescer, em média, 3% ao ano e, não, 2%, como atualmente", afirmou.
Samuel Pessoa explica que a nova matriz, fruto de uma ideologia que ele aponta ser a de "estruturalismo latino-americano", é marcada pela: "alteração do regime de câmbio flutuante para fortemente administrado; tolerância à inflação; adoção de artifícios para atingir a meta de superávit primário; e tentativa de baixar na marra a taxa de juros e os spreads dos bancos [diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo]".
Por outro lado, essa política de intervencionismo ou de "estatização" está com os "dias contados" nas palavras dele. "A sociedade descobriu que essa matriz precisa mudar [...] De qualquer forma, 2015 será um ano difícil, porque a ficha vai cair para o próximo governo federal", concluiu.

Fonte: Diário do Comércio e Indústria

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