Mesmo as empresas brasileiras investindo quase três mais no Canadá, do que o contrário, o cônsul-geral canadense, Stéphane Larue, diz que é crescente o interesse dos empresários daqui em ampliar seus negócios naquele país. Segundo ele, as companhias brasileiras investiram "quase" US$ 32 bilhões no Canadá no ano passado, com destaque para recursos repassados pela Vale, Votorantim e Ambev. No contrário, foram US$ 9,5 bilhões. "Nossa sensação é que o interesse dos brasileiros no Canadá está crescendo, não só de empresas grandes, como também dos médios empresários", afirmou Larue, durante a 1ª edição do Doing Business in Canada (Fazendo negócios no Canadá, em inglês) realizado ontem pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá.
Questionado qual seria a maior dificuldade para o canadense elevar seus investimentos no Brasil ele aponta que é o idioma. "Essa resposta tem um pouco de brincadeira e um pouco de verdade, porque o Canadá não conhece tanto o Brasil como o contrário. Muitos canadenses tem a ideia de que ao falar espanhol vai conseguir fazer um negócio no Brasil. Ou imaginam que ter um representante de vendas em Buenos Aires vai cobrir toda a América do Sul, mas tentamos [Consulado] dizer que não é assim. Se tem que explorar o mercado brasileiro tem que se instalar no Brasil, conhecer o Brasil. São lições básicas, mas muito importantes", disse.
Ele também não exclui problemas bem conhecidos pelos brasileiros, como a falta de infraestrutura. "É lógico que temos o famoso custo-Brasil, o sistema tributário complexo e a infraestrutura. E até mesmo nisso tentamos explicar para o canadense que se ele vier a São Paulo e quiser fazer cinco encontros por dia, não vai conseguir por conta da infraestrutura [trânsito, por exemplo]", comenta o cônsul. "Porém, a imagem do Brasil é positiva para os canadenses. A maior vantagem de se investir no País é o mercado, mas também interessam os fundos como de aposentadoria e até de infraestrutura, que é novidade".
Comércio
Outro problema apontado pelo diretor executivo da Câmara, James Mohr-Bell, também presente no evento, é que há um risco de estagnação na troca comercial entre Brasil e Canadá, sem que ocorra acordos por meio do Mercosul. "A corrente de comércio entre os países ficou estagnada em US$ 2 bilhões por cinco anos até 2005, quando voltou a subir e alcançar o recorde em 2011, de US$ 6,6 bilhões, apesar de no ano seguinte ter recuado para US$ 6,1 bilhões, este ano vai voltar a aumentar e atingir o recorde histórico. Mas essa troca comercial tem um potencial de atingir de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões. Se não tiver nenhuma medida, nenhum acordo entre os países, a [corrente de comércio] vai continuar a ter um ritmo vegetativo pelos próximos cinco a oito anos. Com acordo, em três anos, os US$ 10 bilhões podem ser alcançados", analisa Mohr-Bell.
Ele critica que um dos motivos para este cenário é a falta de empenho em expandir o comércio brasileiro no exterior influenciado por um temporário cenário internacional positivo ao País. "Como o Brasil estava em berço de ouro até agora porque os produtos brasileiros tinham uma alta demanda com um preço muito alto, não precisou ser feito nenhum esforço nesses últimos cinco anos para essa exportação passar de US$ 60 bilhões para US$ 250 bilhões. Agora o Brasil vai ter que se esforçar para ir além disso, porque tem mais comprador, mais concorrência. Da nossa parte [Câmara e Consulado], estamos tentando mostrar que existe mais mercados para se investir", argumenta Mohr-Bell.
De acordo com o diretor-executivo da Câmara de Comércio, fabricantes brasileiros como de café, frutas, sucos, mel, peças e serviços, utilidades domésticas, plásticos, pedras e revestimentos (granito para construção civil) já demonstram interesse em investir no Canadá, de acordo com pesquisa realizada pela entidade há quatro anos.
Estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) revela ainda que os setores que mais possuem oportunidades de negócios no Canadá são de alimentos, bebidas e agronegócios, com destaque para produtores de água mineral e refrigerantes, camarões, chocolates e soja. "Há grande oportunidades, como para a comercialização de camarões, cujo espaço é de 60% para os negócios, sendo que 40% desse mercado é dominado pela Tailândia", comentou o analista de Gestão e Negócios da Apex-Brasil, Leonardo Machado, que também participou do evento.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
Nenhum comentário:
Postar um comentário