As saídas de
dólares do país superaram as entradas, neste mês, até a última sexta (14), em
US$ 4,215 bilhões, informou hoje (18) o Banco Central (BC). Em novembro, o fluxo
cambial fechou positivo (mais entrada que saída) em US$ 4,876 bilhões.
O saldo negativo
veio tanto do fluxo financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e
dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras
operações), com US$ 1,648 bilhão, quanto do comercial (operações relacionadas a
exportações e importações), com US$ 2,567 bilhões.
Segundo o chefe do
Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, no final do ano "as oscilações [nos
resultados do fluxo] são normais". Maciel explicou que nesse período, as
remessas de lucros e dividendos do Brasil para o exterior são maiores. Além
disso, os gastos com viagens internacionais, transportes e aluguéis de
equipamentos aumentam. Maciel acrescentou ainda que o "desempenho da balança
comercial está abaixo do observado no ano passado", com aumento de importações.
Segundo Maciel, o saldo negativo também sofreu influência de importações feitas
pela Petrobras.
Hoje, o BC adotou
medida que facilita a ampliação de liquidez (recursos disponíveis) de dólares no
país ao publicar circular que altera o recolhimento compulsório, recursos que os
bancos são obrigados a deixar depositados no BC, sobre a posição vendida de
câmbio.
Com a medida, o BC
facilitou a posição vendida de câmbio, que ocorre quando as instituições
financeiras apostam na queda da moeda norte-americana no mercado futuro. Pela
nova regra, toda vez que a posição vendida de câmbio ultrapassar US$ 3 bilhões,
60% do excedente serão recolhidos como depósito compulsório. Ao definir o limite
de US$ 3 bilhões, o BC retornou à regra anterior, estabelecida em janeiro de
2011. Em julho do ano passado, o BC tinha reduzido para US$ 1 bilhão. A nova
regra vale a partir do próximo dia 20.
De acordo com o BC,
em novembro, a posição de câmbio dos bancos era comprada (indicava expectativa
de alta do dólar) em US$ 914 milhões. Em dezembro, até o dia 14, a posição se
inverteu para vendida em US$ 3,651 bilhões.
No último dia 4, o
BC adotou outra medida que também pode ampliar a quantidade de dólares
disponíveis no país e influenciar a taxa de câmbio, em alta. O BC ampliou o
prazo de operações de pagamento antecipado (PA) de exportações. O prazo para
fazer a antecipação, em relação à data do embarque da mercadoria ou da prestação
do serviço, passou de 360 dias para 1,8 mil dias (cinco anos). O BC informou que
fez uma avaliação do mercado e percebeu que essas operações estavam em falta no
mercado, mesmo com o aumento da demanda.
No último dia 22, o
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o Brasil não tem
qualquer objetivo formal ou informal para a taxa de câmbio, mas poderia adotar
medidas para resolver a "questão temporária de liquidez na virada do ano". De
acordo com Tombini, no final do ano, a oferta de dólares costuma ser menor do
que a demanda, mas esse movimento tende a se reverter no início do próximo
período.
Fonte: Agência Brasil
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