Que estamos vivendo uma das melhores fases que o Brasil atravessou ninguém tem dúvida. Talvez seja essa a melhor fase no aspecto econômico. Mas, fica a pergunta: Será duradoura e consistente? Já que a palavra hoje é “sustentabilidade”, nosso crescimento é sustentável?
De acordo com últimas pesquisas, um terço dos brasileiros economicamente ativos está endividado – os cartões de crédito ficam com 70% dessa inadimplência – e os mercados sentem uma desaceleração já vista com certo incômodo, pois a classe C, que domina esse terço, é responsável com suas dívidas apesar de inexperientes, isso os leva a comprometer seus proventos em prol da solução desses problemas e se fecham ao consumo de momento ocasionando uma perigosa retração.
Contudo, o Brasil hoje é mais responsável, mas há caminhos inevitáveis que temos que atravessar. E aí, pode-se perceber um pouco de irresponsabilidade pelo individualismo de alguns mercados. As montadoras de veículos, por exemplo, não se preocupam em “inundar” o País com uma demanda jamais vista. Pressionam o Governo para obter melhores condições para movimentar seus estoques e, indagados sobre como comportar tantos veículos em vias tão pequenas e precárias indicam que isso é problema do Governo. O mesmo vem acontecendo com as operadoras de celulares que abarrotam suas precárias condições com um número de linhas muito além de suas possibilidades e deixam os consumidores sem escolhas, apenas com a alternativa de procurar seus direitos junto aos órgãos responsáveis – e não dá para resolver por telefone…
Pode estar aqui um dos maiores motivos para temermos a “ressaca” dessa fase: Para mais carros, melhores vias; para mais turistas, melhores aeroportos; para mais competitividade, melhores qualificações. Sabemos que essa organização e planejamento não fazem parte da estrutura do poder público. O remédio que alivia a dor não é o mesmo que cura a doença.
Acompanhamos as últimas notícias sobre nossas perspectivas de crescimento, agora em 3%, bem diferentes das primeiras projeções. Porém, nada ruim se continuarmos caminhando para uma estabilidade. A questão é que não estamos tão estáveis como se noticia. O dólar já mostrou que continua necessitando de um olho bem aberto por parte do Governo para que não haja a disparidade na balança comercial enfraquecida nos primeiros apontamentos desse ano em relação aos índices passados.
O perigo inerente a qualquer competição é que seu concorrente busca melhor preparação para lhe enfrentar. É aqui o “calcanhar-de-aquiles” do Brasil: Uma estrutura deficiente para qualificar, e não por falta de ótimas instituições, mas ainda pela questão do acesso, do interesse e do estímulo. Ainda se deixa o “leme” totalmente nas mãos do Governo. Ainda se vê a política como solucionadora e não como facilitadora.
Na onda da sustentabilidade, diria que o Brasil ainda a vê de longe, assim como os demais países que a buscam. Ela é como a água e a indústria é como o óleo. Verdade seja dita, nenhum país deixará de produzir em prol da natureza. A sustentabilidade de que tanto se fala é a econômica. Mas o Brasil tem tudo para ser um diferencial e captar ainda mais investimentos. Somos uma enorme sala de aula nesse aspecto. O difícil é ir na contra-mão das propostas de outrem.
Não há como negar o desenvolvimento do Brasil nos últimos anos, mas está chegando a hora de sabermos se esse desenvolvimento nos mudou para melhor e, não apenas, de classe social. Agora podemos comprar muito do que queríamos no passado, mas estamos preparados para enfrentar o futuro? Se a economia mudou e as pessoas continuam sem planejar suas vidas, ela se torna inconsistente. Se a mudança chegou e as pessoas não se prepararam, logo se torna uma desvantagem.
A velocidade da economia tem que ser a mesma do planejar e do realizar. Não só para o Brasil como para os brasileiros: Estamos nos planejando melhor?
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