terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Seguro: explosão do roubo de carga rodoviária


Data de publicação:02/01/2018
A cada dia que acordamos, e percebemos estar vivos, vemos que a situação brasileira se agrava. É impressionante o que estamos vivendo nesta terra tupiniquim. Que, sabemos, tem tudo para proporcionar a seu povo a melhor qualidade de vida que se pode oferecer. No entanto, não há nada que esteja funcionando a contento e no mínimo que se deve.
Dentro disso, podemos citar o que tem ocorrido no transporte rodoviário de carga. Temos visto que, praticamente, não há mais como ser realizado em segurança. O mínimo que seja. Em especial em São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram a maioria dos roubos registrados. No Rio de janeiro, a situação é gravíssima e a recusa no transporte coloca em xeque o abastecimento do Estado, em especial a cidade. Seguradoras já não pretendem mais segurar as cargas rodoviárias. O que era apenas para algumas mercadorias, agora é praticamente total.
Como se comportará o Estado do Rio de janeiro, em especial as autoridades, e muito mais a população, com o desabastecimento? Especialmente de gêneros alimentícios? A situação já é de desconforto total com o que os políticos fizeram à cidade e ao Estado. Agora o crime organizado, que não é de hoje, mas cresceu além da conta e faz a sua parte na destruição, principalmente da cidade. Pelo que se sabe, 70% da população gostaria de sair do País. O que certamente também é desejo de parte da população brasileira.
O que se pretende fazer quanto a isso é uma incógnita. Para não dizermos que, provavelmente, nada, considerando a situação passada e atual. Em que nada se vê de concreto.
De que maneira a população e as seguradoras podem mudar esse estado de coisas? Obrigar as autoridades a serem mais efetivas no combate ao roubo de carga? Partir para a tolerância zero? É o ideal, mas como reagirão todos, em que a cada ação forte da polícia ela é fortemente criticada neste País? Diferentemente do que ocorreu há uns bons anos com Nova York? A filosofia de preservação e defesa é diferente nos dois países. Claro que muito melhor lá.
Ou obrigar as transportadoras a colocar em cada veículo, juntamente com a carga, segurança fortemente armada, como se partisse para a guerra? Que na realidade é? Mas quanto isso custará? É viável a colocação com cada veículo seguranças ou veículos rodeando-o? E como fica a questão quanto a termos no País 2 milhões de veículos de carga? Supostamente divididos entre 105.000 transportadoras, 1 milhão de autônomos? É uma situação por demais complicada. E, por que não, absolutamente inviável em termos físicos e econômicos.
A gravidade da situação é mostrada pelo fato de que, como se diz, o roubo de carga equivaleu a 1 bilhão de reais em 2015; 1,4 bilhão de reais em 2016, e pode estar se aproximando de 2 bilhões de reais em 2017.
As seguradoras, entendemos, nem têm como forçar essas duas ações, da polícia e das transportadoras. Parece-nos inviável que peçam ou imponham isso. Talvez a força delas seja não contratarem mais seguros, como forma de forçarem isso e não terem prejuízos. Mas elas são seguradoras, o negócio delas é esse, como poderão não trabalhar mais isso?
Parece-nos que a situação é extremamente grave, e com tendências de agravamento, e muito.
É possível, quiçá, mais à frente, uma união de todos esses intervenientes. Talvez no extremo, com desabastecimento, não contratação de seguro e recusa de realização de transporte. Ou seja, paralisação absoluta do País. Acreditamos que ninguém consegue imaginar uma situação dessas, chegando ao extremo de parada absoluta de um país com dimensões continentais e 207 milhões de almas precisando comer.
Fica a absurda pergunta, mas real, de como um País pode chegar a isso sem que nada seja feito? Em especial que a situação não é de hoje, nem deste ano, sendo bem mais idosa?
Perguntamo-nos se nosso artigo anterior, em que abordamos o seguro de veículos autônomos e drones seria a solução. Em que o roubo de carga seria dificultado, ainda mais se pneus e vidros dos veículos fossem blindados e impossíveis de serem danificados.
Com os drones seria bem mais complicado, pois a capacidade é diminuta, portanto não é opção de transporte por ora, salvo pequenas entregas. Ainda mais que poderia ser facilmente abatido no ar.
Realmente, estamos vivenciando uma situação inusitada neste País, inimaginável para nossas potencialidades, tamanho e população. Acreditamos que a esta altura, temos de confiar na tecnologia, que pode mudar isso. Mas, especialmente, que este País deixe de ser da impunidade. Certamente, essa é a explicação mais adequada para o que vem acontecendo com o roubo de cargas. Para não entrarmos em outros campos, que não é o objetivo aqui.
Brasil, vamos mudar nossa História de mais de 500 anos, como fizeram muitos países ao longo da História. Em especial nas últimas décadas, pela educação e firmeza, Japão, Finlândia, Coreia do Sul, China e agora na fila a Índia. Vamos deixar de ser o País do futuro, que ele não existe, nunca ninguém viu. Só existe o presente, e é nele que produzimos, transportamos e seguramos mercadorias.
Autor(a): SAMIR KEEDI
Bacharel em economia, professor da Aduaneiras e universitário de MBA,
 especialista em transportes e logística internacional, consultor e autor 
de diversos livros em comércio exterior, tradutor oficial para o Brasil 
do Incoterms 2000 e representante brasileiro para revisão do Incoterms 2010.

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